Petrobras: proposta orçamentária do governo oferece indicação relevante sobre dividendos
Análise da XP destaca que os dividendos ordinários estão projetados para manter o ritmo recente, com a possibilidade de uma distribuição extraordinária sendo vista como um ponto positivo
A apresentação do projeto de lei orçamentária anual de 2025 (PLOA) ao Congresso Nacional trouxe importantes indicações sobre as expectativas do governo em relação aos dividendos a serem pagos pela Petrobras (PETR3; PETR4), segundo a XP, que enfatiza que os dividendos devem continuar a ser distribuídos regularmente.
Na última sexta-feira (30), o Executivo apresentou o PLOA ao Congresso, prevendo dividendos de cerca de R$ 34 bilhões de todas as empresas estatais, representando uma queda em relação ao ano anterior.
Com isso, analistas da XP, Regis Cardoso e Helena Kelm, observaram que alguns investidores estavam preocupados com a possibilidade de uma redução no fluxo de dividendos da Petrobras. "Contudo, não compartilhamos dessa preocupação. Acreditamos que o orçamento inclui apenas os dividendos ordinários da Petrobras", explicaram os analistas.
Já na segunda-feira (2), representantes do Ministério da Fazenda realizaram uma conferência pública para detalhar a proposta orçamentária do governo para 2025, revelando informações adicionais, como a expectativa de dividendos especificamente da Petrobras – R$ 14,6 bilhões provenientes da participação direta de cerca de 28,7% do governo na empresa.
As premissas utilizadas incluíram um câmbio de R$ 5,19 por dólar e o preço do barril de petróleo Brent em cerca de US$ 81.
Com base no dividendo de R$ 14,6 bilhões da participação do governo na Petrobras, Cardoso e Helena estimam que a Petrobras deverá pagar pouco menos de US$ 10 bilhões em 2025, o que resultaria em um dividend yield (rendimentos de dividendos) de 10%.
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No entanto, eles destacam que a previsão do governo considera apenas os dividendos ordinários, de acordo com a política de dividendos de 45% do fluxo de caixa livre da Petrobras.
Os analistas acreditam que essa estimativa é precisa e reflete a continuidade do ritmo de distribuição de dividendos observado recentemente (cerca de US$ 2,5 bilhões por trimestre). Eles também enxergam a possibilidade de um aumento adicional de dividendos extraordinários, estimando o Fluxo de Caixa Livre para o Acionista (FCFE) da Petrobras em US$ 16 bilhões.
"Estimamos que essa diferença de US$ 6 bilhões (rendimento de cerca de 6%) provavelmente será distribuída como dividendos extraordinários mais adiante, elevando o rendimento total de dividendos para cerca de 16%. Em nossa visão, a avaliação da Petrobras continua atraente", afirmam.
Premissas para o Petróleo
Em relação ao preço do Brent, que recentemente caiu para abaixo de US$ 80, os analistas acreditam que os preços devem se recuperar e manter uma média de cerca de US$ 80/bbl, embora existam riscos em caso de desaceleração da demanda global.
"A Petrobras é significativamente impactada pelos preços do petróleo e, portanto, será diretamente afetada se o Brent permanecer em baixa por um período prolongado", avaliam. Cardoso e Helena estimam que, para cada variação de US$ 5/bbl no Brent, a política de dividendos da empresa é afetada em aproximadamente US$ 1,1 bilhão por ano (cerca de 1,2% de rendimento anual).
Em termos de FCFE, essa sensibilidade aumenta para cerca de US$ 2,5 bilhões (cerca de 2,7% de yield), enquanto o impacto no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) é de cerca de US$ 3,7 bilhões, assumindo que a Petrobras continue a seguir a paridade diesel/gasolina.
"Consideramos que a avaliação da Petrobras continua atrativa para preços do Brent de US$ 70/bbl ou mais", concluem os analistas.