Estrangeiros deixam o Brasil apesar da 2ª maior taxa real de juros global; entenda
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de maiores taxas reais de juros, que descontam a inflação, ficando atrás apenas da Rússia. Logo após, vem o México.
O Brasil tinha chances de ser o terceiro no ranking mundial de taxas de juros reais, que consideram o juro após descontar a inflação projetada, mas manteve a segunda posição com a decisão do Copom de não alterar a taxa Selic nesta quarta-feira (20).
Se o Banco Central brasileiro tivesse reduzido a taxa de juros em 0,25 ou 0,50 ponto porcentual, o Brasil teria caído para a terceira posição, ficando atrás do México. Independentemente de qualquer movimento do Copom, a Rússia continuaria em primeiro lugar.
Embora a medalha de prata seja mais valorizada no esporte do que a de bronze, no contexto econômico, estar entre os primeiros no ranking de maiores taxas de juros reais não é motivo de comemoração.
Apesar dos juros reais entre os mais altos do mundo, o Brasil não tem sido atrativo para investidores estrangeiros. Entre os mercados emergentes, o real passou a ser a moeda com a maior desvalorização do ano.
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Isso também se reflete na Bolsa brasileira, que tem tido um desempenho inferior em comparação global. Além da maior atratividade dos juros americanos, os problemas fiscais do Brasil afastam os investidores estrangeiros.
Até agora, em 2024, foram retirados R$ 43,2 bilhões do mercado secundário da B3, contribuindo para a queda de 10% do Ibovespa neste ano.
O fluxo cambial via conta financeira acumulou saídas de US$ 25,7 bilhões de janeiro a junho, em comparação com saídas de US$ 13,5 bilhões no mesmo período de 2023.
Na conta de transações correntes, os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram, em abril, a maior saída desde o início de 2023, com US$ 6,7 bilhões, dos quais US$ 6,1 bilhões foram em títulos e US$ 620 milhões em ações e fundos de investimentos.