ANÁLISE: Como fica o mundo, com a deflação na China?
Impactos Globais da Queda de Preços na Segunda Maior Economia do Mundo
A recente entrada da economia chinesa em um período de deflação pela primeira vez em mais de dois anos está gerando uma série de interrogações em todo o mundo. O cenário de queda de preços observado em julho vem suscitando preocupações sobre as implicações globais dessa situação, uma vez que a China é uma das maiores influências no panorama econômico internacional.
O índice oficial de preços ao consumidor na China, uma medida crucial de inflação, registrou uma retração de 0,3% no último mês em comparação ao mesmo período do ano anterior. Tal cenário de deflação acrescenta mais um desafio aos esforços do governo chinês para estimular a demanda e estabilizar sua economia, que já vinha enfrentando dificuldades em diversas frentes.
Essa deflação surge em meio a preocupações previamente levantadas quanto aos níveis de importações e exportações do país asiático, indicando possíveis incertezas no ritmo da recuperação pós-pandêmica da China. Além disso, a nação está lidando com questões relacionadas à sua dívida governamental em ascensão e desafios no setor imobiliário.
De acordo com uma análise publicada pela BBC News, o impacto mais imediato dessa deflação é a dificuldade agravada que a China enfrenta para reduzir sua dívida, enquanto também lida com o potencial desaceleramento do crescimento econômico.
Este último é um risco presente em situações deflacionárias, à medida que a demanda enfraquecida pode resultar em menor atividade econômica, investimento e emprego.
Daniel Murray, da EFG Asset Management, destacou ao portal que não existe uma solução única para resolver a deflação, sugerindo que uma combinação de aumentos nos gastos governamentais, alívio fiscal e políticas monetárias mais flexíveis pode ajudar a enfrentar esse desafio econômico.
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Em contraste com o cenário de muitos países que viram uma recuperação pós-pandêmica robusta, a China não experimentou um aumento significativo nos preços, uma vez que a demanda interna se manteve fraca.
A estagnação nos preços ao consumidor e até mesmo a queda nos preços de fábrica são um reflexo disso. Esse cenário preocupa os economistas, uma vez que mostra uma demanda chinesa enfraquecida, enquanto o restante do mundo observa uma recuperação econômica mais sólida.
As implicações da deflação chinesa podem se estender para além das fronteiras do país, impactando a economia global. A China é um dos principais produtores mundiais de bens consumidos internacionalmente, e a entrada de produtos chineses com preços reduzidos nos mercados globais pode prejudicar fabricantes de outras nações, levando a possíveis consequências para o investimento e o emprego.
Dessa forma, a economia mundial observa com atenção os desdobramentos da deflação na China. A segunda maior economia do mundo enfrenta uma série de desafios econômicos simultaneamente, desde questões relacionadas à pandemia até a turbulência no mercado imobiliário.
Construir confiança entre investidores e consumidores será fundamental para a recuperação da China, disse Eswar Prasad, professor de política comercial e economia da Universidade de Cornell. "A verdadeira questão é se o governo pode recuperar a confiança no setor privado, para que as famílias saiam e gastem em vez de economizar, e as empresas comecem a investir, o que não foi feito até agora",
"Acho que teremos que ver algumas medidas de estímulo significativas (incluindo) cortes de impostos.", apontou.